O governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), decretou luto oficial de sete dias pela morte do ex-governador e ex-senador Casildo Maldaner. Ele morreu na noite desta segunda-feira (17), aos 79 anos, vítima de um câncer.
O anúncio foi feito por Moisés nas redes sociais. Ele aproveitou para lamentar a morte do político, alegando que a sua trajetória foi “dedicada aos catarinenses”.
O velório de Casildo Maldaner acontecerá a partir das 10h desta terça-feira (18) na Alesc (Assembleia Legislativa de Santa Catarina), seguindo todos os protocolos de segurança e prevenção à Covid-19. Na sequência, será realizada uma cerimônia de cremação, no Jardim da Paz, em ato reservado à família e amigos mais próximos.
Casildo deixa sua esposa, Ivone, os filhos Josaine, Jandrey e Janiara Maldaner, além de cinco netos.
Trajetória
Maldaner teve uma das mais longevas e profícuas trajetórias da história política catarinense. Nascido em Carazinho, no Rio Grande do Sul, em 1962, iniciou a vida pública como vereador, na cidade de Modelo, no Oeste catarinense – para onde seu pai, Andreas Maldaner, havia se mudado com a família quando ele tinha apenas 2 anos de idade.
Depois disso, já filiado ao MDB, foi eleito deputado estadual por dois mandatos (1975 – 1979 e e 1979 – 1983) e depois deputado federal (1983 – 1987).
Em 1986, na chapa encabeçada por Pedro Ivo Campos, foi eleito vice-governador do Estado. Com o falecimento de Pedro Ivo, em 1990, ele assumiu a chefia do Executivo estadual, concluindo o mandato em março de 1991. Neste período, em paralelo às atividades parlamentares, concluiu o curso de Direito na Universidade de Brasília – UNB.
Depois disso, foi eleito senador da República (1995-2003). Com o fim do mandato, foi indicado pelo então governador, Luiz Henrique da Silveira, para presidir o BRDE – Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul, onde permaneceu até 2011. Antes disso, em 2006, foi eleito primeiro suplente ao Senado, na chapa liderada por Raimundo Colombo. Com a posse de Colombo como governador, em 2011, Maldaner assumiu a cadeira no Senado Federal, concluindo seu mandato em 2014.
Neste período, ele foi relator da Comissão Especial de Defesa Civil do Senado Federal, cujos trabalhos resultaram numa ampla proposta de marco legal para o setor no Brasil. Atuou fortemente em defesa dos aposentados e empenhou-se por uma proposta de reforma tributária para o país.
Por seus posicionamentos e projetos, em 2013, foi escolhido em segundo lugar entre os 81 senadores do país em ranking feito pela revista Veja com a colaboração do Núcleo de Estudos sobre o Congresso, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Rio de Janeiro.
Ao lado da atividade nos cargos que ocupou, Maldaner teve até o fim da vida uma íntima relação com o partido em que sempre militou, o PMDB, cujo diretório estadual presidiu por mais de 10 anos e do qual tornou-se o primeiro e único Presidente de Honra.
Foram 59 anos de intensa atividade política, durante os quais cultivou não apenas eleitores, mas admiradores e amigos em todos os municípios catarinenses.
Com seu jeito sempre brincalhão e divertido, Maldaner foi considerado por muitos um mestre na arte da articulação. Mantinha, como lema, a máxima de que “mais valem duas horas de diálogo que cinco minutos de tiroteio”.
Costumava dizer que política se faz perto do povo, com os ouvidos encostados ao chão. Em seu discurso de despedida do Senado Federal, em dezembro de 2014, Maldaner afirmou:
“Nos dias de hoje, quando é quase hegemônica a má reputação da atividade política, é essencial resgatar a grandeza desse sacerdócio. É no fazer político, sempre sob a égide democrática, que se arquiteta o País e que se constrói a cidadania. Não se faz isso na política dos conchavos e dos malfeitos, mas na política de todos, na política cidadã. Faculto o meu direito de uma pregação aos moços: não percam a esperança, não desistam da democracia e da atividade política, participem e contribuam, transformem-na e aprimorem-na, construindo um País melhor, maior e mais justo. Uma vez ou outra, questiono quais serão meus próximos passos. Lembrando o jovem evangelista Timóteo, posso dizer: combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé”.
Com informações ND Mais