A Polícia Militar de Caçador divulgou, na manhã desta quinta-feira, 31, detalhes a respeito da prisão de dois manifestantes – pai e filha – em Caçador, em piquete que estava montado na rodovia Lourenço Faoro, nas proximidades do trevo da Transrodace.
Eles apoiavam o movimento dos caminhoneiros, que já se estendia por 10 dias. Entretanto, ordem judicial já havia autorizado a atuação da PM para desmobilização.
Vídeos mostram que havia pelo menos um pneu sobre a pista quando a PM chegou, parcialmente obstruindo o trânsito. Pai e filha foram presos, encaminhados para a Delegacia e pagaram fiança para serem liberados.
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O comandante da PM de Caçador, tenente-coronel Renato Medeiros, estava junto na ação da PM. Confira os detalhes encaminhados a respeito da ocorrência:
“O comandante do 15º BPM o Sr Ten Cel PM Renato Leandro de MEDEIROS, deslocou-se juntamente com o seu efetivo Policial Militar ao local supra citado para cumprimento de uma ordem do Subcomandante Geral da PMSC, para a dissolução e desmontagem de todo e qualquer piquete ou dispositivo, barreiras e similares instalados de forma irregular às margens da referida rodovia ou sobre ela, que estivesse servindo de base operacional para a manifestação da Greve dos caminhoneiros.
Ao chegar, o Sr Ten Cel Medeiros cordialmente cientificou as pessoas (manifestantes) sobre a ordem em vigor, concomitante com a liminar da justiça expedida pelo Poder Judiciário da Capital, que os obrigava a se retirar do local e liberar o trânsito já devidamente cientificados há mais de 20 horas. Neste momento, Valcir José Crestani gritou que não iria sair do local de forma alguma e queria ver quem o retiraria dali; Vale ressaltar que o mesmo encontrava-se bastante alterado e, além disso, incitando que os demais presentes nas manifestações não acatassem esta ordem.
Devido a configuração dos referidos crimes do código penal, o tenente-coronel Medeiros deu a ordem para que prendessem o autor, momento este onde o Sr. Valcir José Crestani ficou agressivo e começou a resistir a prisão, dando trabalho aos policiais militares que ali estavam. Foi necessário utilizar de força física necessária para contê-lo, sendo feito controle de contato com apenas técnicas de imobilização, não sendo empregado nenhum outro tipo de meio e ou equipamento policial.
Em ato contínuo, a Sra Thais Ritchelly Crestani, filha do autor dos fatos mencionados, também começou a incitar as demais pessoas que ali estavam para investirem contra os policiais militares. Thais Ritchelly Crestani tentou ainda agredir os policiais e os desacatou, chamando-os de “Policiais Vagadundos”, “Pé de porco”, afirmando que não tinha medo de nenhum deles, momento esse que lhe foi dada voz de prisão. Vale ressaltar que a mesma encontrava-se bastante alterada e agressiva e a todo momento dizia que não sairia do local em hipótese alguma, ainda incitando a todos que ali estavam a não obedecerem o pedido do tenente-coronel Medeiros.
Thais estava também com apito, fazendo barulho e gritando em frente ao tenente-coronel, insuflando os demais manifestantes a se colocarem contra a força Policial.
Diante dos fatos, a viatura PM 5114 se fez presente para a condução dos autores até a delegacia de Polícia civil desta Comarca para os procedimentos legais”.
“Diante das repercussões nas mídias sociais, ressalta-se que o grande perigo para a sociedade não está no fato de achar normal o cidadão desobedecer à ordem do policial, mas sim em não entender que este desrespeito se dá ao “poder constitucional do Estado em preservar a ordem pública”. Logo, aceitar o enfraquecimento do poder do Estado, gera o enfraquecimento da justiça e seus desdobramentos na área da Segurança Pública”, afirmou o tenente-coronel, Medeiros, em nota de esclarecimento, também divulgada na manhã desta quinta.
Já Thais divulgou versão diferente dos fatos, através da sua conta no Facebook:
“Dispenso curiosos e pessoas que não estavam lá pra ver o que de fato aconteceu!
Sim! Fui presa hoje juntamente com meu pai, e SIM foi porque estávamos em manifestação pacífica inclusive com crianças junto.
Estávamos em plena manifestação pacífica, quando um número grande de policiais chegaram e mandaram a gente se retirar, resistimos uma vez que estávamos na grama (não no asfalto) e de forma pacífica, eles insistiram e vendo que não teriam resultados partiram para a ignorância, chutaram nossas coisas, deram gravata no meu pai (e chegaram a conversar entre eles pra apagar o pai), um homem cujo nome não farei menção me segurou forte nos braços causando lesões no meu braço direito, me deu um tapa na cara , SIM GENTE, UM POLICIAL MILITAR CAÇADORES DE ME DEU UM TAPA NA CARA (e todos viram obviamente) e se não bastasse me chamou de vagabunda ! Posteriormente nos algemaram e fomos presos. O que eles alegaram? Que estávamos atrapalhando a via, desacatamos eles e nossa manifestação não era pacífica. Depois de algumas horas na delegacia, pagamos uma fiança e fomos liberados. Entramos contra dois dos policiais e vamos representar contra eles logicamente. Então gente, essa é nossa cidade, essas são pessoas que supostamente deveriam nos defender do perigo, e esse é nosso país! O país aonde não temos voz, não podemos nos manifestar, e nunca nada irá mudar. Meu pai e eu já estamos sofrendo preconceito da parte de algumas pessoas, mas claro que não estavam lá, os que estavam nos apoiaram, eles viram a covardia. Hoje eu me calo, nunca mais irei às ruas, nunca mais terei esperança. Com 20 anos hoje, eu desacredito do Brasil e não vejo a hora de estar longe, não é aqui que quero que a Sarah e meus netos cresçam. Ao militar que me chamou daquilo e me agrediu, você irá pagar e será caro, pois quem cuida de mim é Deus e Dele vem a justiça. Me despeço com o coração em lascas, me sentindo terrivelmente calada (de todas as formas ) por esse sistema sujo e podre que é o Brasil!”