A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou, nesta segunda-feira (25), que suspendeu temporariamente testes com a cloroquina e a hidroxicloroquina para tratar a Covid-19. A decisão foi tomada dentro dos ensaios Solidariedade, iniciativa internacional com 100 países coordenada pela OMS para buscar tratamentos contra a doença.
O diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que a suspensão foi determinada depois de um estudo publicado na sexta-feira (22) na revista científica “The Lancet”. A pesquisa, feita com 96 mil pessoas, apontou que não houve eficácia das substâncias contra a Covid-19 e detectou risco de arritmia cardíaca nos pacientes que as utilizaram.
“Os autores reportaram que, entre pacientes com Covid-19 usando a droga, sozinha ou com um macrolídeo [classe de antibióticos da qual a azitromicina faz parte], estimaram uma maior taxa de mortalidade”, afirmou Tedros.
A OMS afirmou que o quadro executivo do Solidariedade, composto por 10 países, vai analisar dados disponíveis globalmente sobre as drogas, que são usadas para tratar malária e doenças autoimunes.
“Eu quero reiterar que essas drogas são aceitas como geralmente seguras para uso em pacientes com doenças autoimunes ou malária”, destacou Tedros.
Ele afirmou, ainda, que os outros testes dos ensaios Solidariedade vão continuar – a suspensão refere-se apenas às pesquisas com a cloroquina e a hidroxicloroquina.
A iniciativa internacional, lançada no dia 18 de março, já tinha 100 países participantes no dia 21 de abril, segundo a OMS. Nesta segunda-feira (25), a entidade anunciou que 35 países estão recrutando pacientes em mais de 400 hospitais ao redor do mundo para fazer parte dos estudos, Outras 3,5 mil pessoas de 17 países já estão participando das pesquisas.
No Brasil, os ensaios são coordenados pela Fiocruz.
Uso no Brasil
Mesmo sem evidências científicas que comprovem a eficácia dos medicamentos contra a Covid-19, o Ministério da Saúde emitiu, na semana passada, um documento que recomenda o uso deles, no SUS, para a doença. A recomendação inicial, lançada sem assinatura, teve modificações e foi republicada.
A recomendação das substâncias sem prova de que elas funcionavam contra o novo coronavírus foi motivo de discórdia entre dois ex-ministros da Saúde e o presidente Jair Bolsonaro. Tanto Luiz Henrique Mandetta quanto Nelson Teich, ambos médicos, alertaram para os efeitos colaterais dos remédios, mas, mesmo assim, Bolsonaro defendeu o uso deles para a Covid-19.
Com informações G1