Surpreendido pela “onda Bolsonaro” em SC, que impulsionou Gelson Merisio (PSD) e Comandante Moisés (PSL) ao segundo turno da eleição ao governo do Estado, o candidato do MDB, Mauro Mariani, falou por telefone com a reportagem do Diário Catarinense nesta terça-feira. Na conversa, reafirmou que não disputará mais eleições e declarou que não se arrepende de não ter declarado apoio a Bolsonaro.
Confira os principais trechos da entrevista:
Que avaliação o senhor faz do resultado da eleição estadual?
A não ida ao segundo turno foi reflexo do que aconteceu em nível nacional, especialmente da onda Bolsonaro no Estado, ficou muito evidente. Tinha espaço para um (no segundo turno). Um seria o candidato do Bolsonaro e o outro, quem iria com ele, isso ficou claro agora, mas tudo bem.
E o desempenho do MDB como um todo no Estado?
O MDB em SC teve de novo um grande desempenho, muito acima da média nacional. Tivemos o melhor desempenho do MDB no Brasil, mantivemos nove deputados estaduais, a maior bancada, e três federais, além de contribuirmos substancialmente para a eleição do Jorginho Mello (PR) como senador. O partido, em que pese termos uma derrota pela minha não ida ao segundo turno, demonstrou força em SC de novo, mais uma vez. Do ponto de vista partidário, o resultado mais uma vez reafirma a força do MDB em SC. O partido está aí forte, firme, com as maiores bancadas e vamos em frente.
Acredita que essa onda Bolsonaro foi algo pontual ou pode permanecer?
Isso já aconteceu no passado, são movimentos que acontecem. Havia e há certa repulsa da população com o sistema político tradicional. Os partidos que pagaram essa conta foram os mais tradicionais, PT, PSDB, MDB, que eram os partidos protagonistas a nível de Brasil e que mais sofreram. Nós aqui não sofremos tanto porque o MDB de SC ele tem mais raiz, é um partido mais ideológico, diferente do MDB nacional. Você vê que o MDB nacional foi praticamente arrasado e nós tivemos um desempenho não maravilhoso, mas acima da média, dentro daquilo que representa o MDB estadual, mostrando vigor eleitoral do partido. Veja que enfrentamos um desgaste institucional do partido, brutal, e ainda assim tivemos votações importantes.
Qual a razão dessa força do MDB por todo o Estado não ter se revertido na sua ida ao segundo turno?
Porque a campanha do nosso adversário direto, que era o Merisio, teve uma atitude corajosa que nós não tivemos, que foi declarar apoio ao Bolsonaro, no dia 27 de setembro, a data fundamental. Nós acompanhamos com pesquisa diárias e ali ele encostou em nós, até ali mantínhamos uma margem. Com aquele movimento, que para pessoas muitas delas com discernimento político, entenderam como oportunista, e foi oportunista, mas na prática parte da população passou a ver nele identificação com o Bolsonaro e isso deu 2, 3, 4 pontos percentuais que nos tiraram a possibilidade de ir ao segundo turno. Simples assim.
Se arrepende de não ter declarado apoio a Bolsonaro também?
Não, de forma nenhuma. Eu sempre disse: não queria e não quero ser governador a qualquer preço. (É preciso) manter certa coerência, Foi uma decisão que tomamos naquele momento, uma decisão coletiva, unânime, sem nenhuma voz que discordasse daquele posicionamento.
Ainda no domingo o senhor disse que avaliava deixar a vida pública. Essa é a decisão?
Eu tenho muita tranquilidade nisso. Eu tinha isso determinado com minha família, tenho minhas fábricas para tocar e vou voltar a me dedicar um pouco a isso. Quem foi e é da política como eu, que fui prefeito, deputado estadual, deputado federal, nunca sai da política por inteiro, sempre vai ajudar. Mas eu não tenho mais nenhum interesse em disputar eleições, isso está muito claro para mim. Vou ajudar o partido, sou muito grato a tudo que o partido me deu, mas eu particularmente não tenho interesse em disputar eleições. Quero cuidar um pouco das minhas coisas, afinal passei os últimos 21 anos dedicado a fazer o meu melhor por onde passei na política e fiz com muita dedicação e tenho muito orgulho, nenhum posicionamento que me arrependa. Mas agora é um ciclo da minha vida que se fecha na questão da disputa. Política sempre vou fazer porque gosto dela e entendo que é por ela que temos que encontrar os caminhos.
Se confirmada a tendência de liberação dos filiados em relação ao segundo turno da eleição estadual, a bancada do MDB na Alesc será oposição independentemente de quem for eleito?
É uma questão da bancada. Na bancada provavelmente os parlamentares que foram eleitos devem ter suas preferências também né, então não poderia te dizer. Mas acho que não (seria oposição), o MDB sempre teve uma posição de ajudar SC e penso que independente de quem vença, o MDB vai contribuir no sentido de ajudar, de votar aquilo que o novo governador propor. É óbvio e claro que SC precisa de algumas reformas importantes e penso que o partido não pode fugir dessa responsabilidade de ajudar, de contribuir, dar condição para o próximo governante dar os passos que ele junto com sociedade discutiram no período eleitoral.
O MDB já deve começar a discutir o futuro do partido em relação à eleição estadual?
Agora o foco passa a ser as eleições municipais e o MDB tem muito claro isso. Agora virada a eleição estadual, a próxima eleição é a municipal, então agora a estruturação já é com foco na eleição municipal de 2020. Penso que agora o partido começa a partir do ano que vem o trabalho que é sistematicamente feito no sentido de preparar o time para manter a força partidária nos municípios, que é onde nos destacamos.
Com informações Diário Catarinense