O estudante Lucas Cruz, de 21 anos, ainda tenta entender “o que fez da sua vida” depois de pegar um táxi em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, e ir parar em Londrina, no Paraná. Após brigar com a ex-namorada num show dos sertanejos Jorge e Mateus, ele foi à rodoviária com o objetivo de visitar a avó no estado vizinho. Como não tinha ônibus naquele horário, Lucas, que já tinha bebido bastante, decidiu fazer de táxi o trajeto de 650km. A viagem custou R$ 1,5 mil.
” Sempre quis viajar de táxi. E dessa vez encontrei coragem. Até olhei na rodoviária, mas só tinha ônibus para a noite do dia seguinte. Aí a coragem já teria passado. Perguntei para 20 taxistas, e um topou me levar. Dei o famoso “mim acher”, mas estou com vergonha”, explicou Lucas, usando uma gíria das redes que significa algo como “sair sem dizer para onde vai”.
O único motorista a topar a empreitada tinha uma condição: levar a mulher dele, ciumenta, na viagem. O estudante concordou, e os dois foram buscá-la antes de pegar a estrada. O valor do serviço foi combinado e pago com antecedência.
“Poderia ter ido para o México (com esse dinheiro), mas preferi Londrina”, brincou.
Com vodka, cerveja e o “drink do capeta” no organismo, o jovem dormiu durante as oito horas do trajeto. Acordou a 18 minutos de Londrina, com travesseiro e cobertor no banco de trás. A mulher do taxista questionava se era ele o desaparecido cuja foto circulava nas redes com apelos da família. Parentes e amigos de Lucas compartilhavam mensagens pedindo informações. O pai de uma amiga teria mandado “fechar as fronteiras” para as buscas.
” A bateria do meu celular tinha acabado. E aí eu me perguntei onde eu estava. Acabei indo até o condomínio da minha avó, que ficou feliz quando me viu e quis me matar. Até chorou. Não recomendo a ninguém fazer o que eu fiz”, lembrou Lucas.