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Impor, persuadir, convidar, dialogar: a cultura do outro II

Impor, persuadir, convidar, dialogar: a cultura do outro – Relevante obra de Carlos Rodrigues Brandão – II

 

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A tarefa do pesquisador é produzir explicações cada vez mais densas e profundas sobre alo cuja profundidade seja inesgotável. Existirá sempre, a possibilidade de que uma nova geração de pesquisadores produza uma nova interpretação, nem mais verdadeira ou mais falsa do que as anteriores, mas por certo, mais densa e mais profunda, com capacidade de unir fenômenos que antes eram interpretados isolados uns dos outros.

De acordo com o pensamento apresentado por Carlos Rodrigues Brandão, toda cultura se explica a si mesma, a questão mais importante dessa afirmação, está na compreensão da maneira como devem se articular uma visão interior, isto é, a cultura procurando compreender-se a si própria, e uma visão exterior, seja para realizar um trabalho qualquer, seja para produzir uma compreensão científica.

Até algum tempo, a compreensão científica era a de que a cultura se daria por uma espécie de redução de seu material bruto. Atualmente, não basta dizer que cultura é tudo aquilo que o homem acrescenta ao mundo quando o transforma através do seu trabalho, atribuindo significado àquilo que ele faz, ao seu próprio trabalho transformador. Mais acertado e produtivo do que explicar cultura como aquilo que o homem faz, e através do que os homens fazem acontecer, explicar a cultura como aquilo através do que os homens “se dizem” entre si.

A cultura não é uma questão de saber e de significado, mas uma questão que tem a ver com poder. Neste sentido, aquilo que explica a cultura se dá no nível político da compreensão, e a função do explicador da cultura é descobrir as relações sociais de poder por meio das quais determinadas categorias de sujeitos criam e impõem os significados que legitimam uma ordem social, que legitimam as diferenças de uma ordem social, seus princípios reguladores da conduta como ordenação de cultura.

O grande desafio de todos os processos de integração propelidos pela tendência à globalização das atividades econômicas é a reafirmação e o fortalecimento da identidade cultural própria que relaciona o indivíduo à sua comunidade de origem, às tradições, valores e ao conjunto de aspectos simbólicos que conferem sentido e significado à vida.

Ao papel da cultura como um mecanismo adaptativo em um mundo em constante transformação deve acrescentar se essa função primordial do desenvolvimento da personalidade dos indivíduos, na busca de sua identidade e seu destino, a partir do conhecimento das próprias raízes.

Contrariamente às previsões dos cientistas sociais, o preconizado lugar onde as coisas acontecem, através de raças, etnias e culturas não aconteceu. Assiste-se a um renascimento e à reafirmação de culturas tradicionais, à busca de suas raízes através do resgate das tradições, do idioma, do folclore, dos mitos e símbolos do passado. Constituiria essa tendência um obstáculo intransponível no caminho da integração dos povos.

 

REFERÊNCIA

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Impor, persuadir, convidar, dialogar: a cultura do outro.

 

 

 

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