A primeira transfusão de plasma sanguíneo de um paciente que se recuperou da Covid-19 foi feita em Santa Catarina há 10 dias. O procedimento é estudado como forma de tratamento contra a doença. O método ainda não tem eficácia comprovada, mas é autorizado pelo Ministério da Saúde para pacientes graves.
O plasma é uma parte do sangue. Ele já foi usado em outras doenças para o tratamento dos pacientes. “O uso do plasma compassivo ou dessa imunidade passiva, que a gente chama, já é bastante antigo. Os primeiros estudos datam de 1890 em pesquisas com difteria. Ao longo da história, a gente teve essa utilização em diversas doenças, como a gripe espanhola, mais recentemente na pandemia de [gripe A] H1N1, de Sars”, afirmou a farmacêutica bioquímica do Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina (Hemosc) Michelen Debiase Ghedin.
Em Santa Catarina, até agora quatro pacientes receberam o plasma convalescente como uma possibilidade de ajudar no tratamento à Covid-19. O estado de saúde deles não foi divulgado.
Como funciona
O chamado uso compassivo do plasma funciona assim: quando uma pessoa contrai um vírus – como o da Covid-19, por exemplo – o organismo cria células de defesa, os chamados anticorpos. Eles ficam no plasma, que é um componente do sangue. O plasma que já tem anticorpos dá uma força ao sistema imunológico e pode acelerar a recuperação.
A transfusão do plasma é a transferência da defesa que já foi montada no corpo de quem já se curou para aqueles que ainda estão doentes. Como a eficácia desse método ainda não está comprovada para a Covid-19, a Nota Técnica do Ministério da Saúde informa que essas transfusões só podem ser feitas nos pacientes em estado grave.
“O médico precisa avaliar o seu paciente e, caso decida usar o plasma de forma compassiva, existe um termo em que o médico e a família deixam registrado que eles estão cientes e concordam com o uso dessa ferramenta mesmo sem a eficácia clínica comprovada”, disse Ghedin.
Estudos
Além de coletar as doações de plasma para o uso compassivo, o Hemosc também vai fazer o próprio estudo, em fase de aprovação pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. Em São Paulo, o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, está mais adiantado.
O diretor Hemocentro de Ribeirão Preto, Rodrigo Calado, afirmou que foram recrutados no estudo da unidade 45 pessoas com a doença. Parte delas receberam o plasma e a outra parte, não. “Nós estamos acompanhando esses pacientes para saber a eficácia desse tratamento”, disse ele.
Como doar
As doações podem ser feitas com agendamento em todos os hemocentros do estado. Para isso, o candidato precisa preencher um formulário no site do Hemosc.
Os critérios para ser um doador são:
▪ nunca ter engravidado (incluindo aborto);
▪ ter entre 18 e 60 anos;
▪ pesar mais de 60 quilos;
▪ ter exame laboratorial da Covid-19;
▪ estar saudável e sem sintomas há 30 dias;
▪ levar documento oficial com foto.
Com informações do G1 SC