Quem visitou os postos de combustíveis nesta semana já tem encontrado novos valores sendo praticados nas bombas. O preço médio da gasolina comum tem subido e pode variar até R$ 0,60 por litro nas cidades de Santa Catarina pesquisadas pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), entre o último domingo (6) e sábado (12).
As altas nos preços acontecem mesmo sem a Petrobras aumentar os custos para as distribuidoras desde junho.
O preço médio da gasolina em Santa Catarina, segundo a ANP, é de R$ 4,94 nos 126 postos de combustível pesquisados no Estado. Enquanto isso, a pesquisa entre o dia 30 de outubro e 5 de novembro apresentou valor de R$ 4,88 em 127 pontos de revenda. Ou seja, aumento de R$ 0,06 no litro.
“Cada um tem que ver a sua situação financeira e econômica e o que puder colocar [de gasolina], coloca. Quem não pode tem que aguardar um pouco mais”, sugere o aposentado Álvaro dos Passos.
“Eu passo em um posto de combustível específico toda a semana. Abasteço direto. De R$ 4,39, a gasolina passou para R$ 5,50 em pouco tempo, sem aviso prévio nem nada”, disse o motorista de aplicativo David Rodrigues.
Motivos do aumento
O Sindópolis (Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis Minerais de Florianópolis) explicou que esse aumento tem influência do etanol anidro, que responde por 27% da mistura da gasolina comum e registrou uma elevação no preço. Outro fator foram as promoções.
“Você tem o preço de custo, você reduz a sua base de lucro, que é em média 20%. Você reduz isso a 7%, 8%, 9% e você tem um preço de gasolina barato. Mas o revendedor não consegue ficar numa situação dessa por muito tempo, porque você não cria novo consumidor. Você desloca o consumidor do posto A para o posto B”, afirmou o vice-presidente do Sindópolis, Joel Fernandes.
“Não existe uma criação de um novo volume, o revendedor não consegue ficar nessa atividade de promoção por muito tempo, então, ele começa a tirar a promoção para ficar com o preço real da gasolina.”, acrescentou Fernandes.
Um fato adicional que pode justificar a mais recente alta no preço da gasolina foi a onda de bloqueios de rodovias por manifestantes contrários ao resultado das eleições, na semana logo após o resultado do segundo turno.
O economista do Corecon (Conselho Regional de Economia) André Koerich, fez o cálculo e estimou que em média a gasolina aumentou 17%: “A gasolina tava em torno de R$ 4,69. Hoje, a gente tá vendo a gasolina em postos a R$ 5,49. Isso dá um aumento em torno de 17%.”
Nos últimos meses se buscou a redução da gasolina com medidas provisórias implementadas pelo governo federal. Para Koerich, vários fatores econômicos contribuem para essa nova disparada no valor do litro da gasolina.
“Em relação ao preço da gasolina, o valor reduziu principalmente em função da redução do ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação). No primeiro momento até tinha uma tabela que deveria ser colocado o preço da gasolina no momento do decreto e o preço praticado dentro do posto de gasolina. Hoje, não tem mais tanto esse controle. Então, a redução no valor dos impostos, que até então estava indo para o bolso do consumidor, agora, está indo um pouco mais para o bolso do dono do posto de gasolina”, explica o economista.
Expectativa para 2023
Existe uma preocupação entre o setor ligado ao comércio de combustíveis sobre o que vai acontecer a partir de janeiro de 2023. Isso porque as medidas colocadas em prática este ano pelo governo federal, que reduziram o ICMS da gasolina, terminam em 31 de dezembro.
“A partir do dia 1º de janeiro, os impostos PIS (Programa de Integração Social), Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico), e o próprio ICMS, que hoje é 17% a base de cálculo que vem congelada já há algum tempo, ela poderá voltar a uma realidade. Vamos sair de uma gasolina na faixa de R$ 5 para R$ 7, R$ 7,50, ou seja, retornaria àquele preço de antes”, estima o vice-presidente do Sindópolis, Joel Fernandes.
Preço médio, segundo ANP
A última pesquisa da ANP realizada entre o último domingo (6) e sábado (12) apontou que, mais uma vez, Joinville, no Norte do Estado, é a detentora da melhor média comercializando o combustível por R$ 4,80.
Por outro lado, Concórdia, município do Oeste catarinense, comercializa a gasolina comum por R$ 5,40. O preço médio da gasolina comum é de R$ 4,94 nos 126 postos de combustível pesquisados em Santa Catarina.
Mesmo assim, o preço médio da gasolina comum segue abaixo em relação ao cenário nacional. A ANP pesquisou o valor do combustível em 2.959 postos pelo Brasil, que resultou na média de R$ 5,02 por litro, sendo R$ 0,08 mais caro em relação ao de Santa Catarina.
Veja o preço médio dos combustíveis em SC:
Etanol: R$ 4,46;
Gasolina aditivada: R$ 5,14;
Gás Natural Veicular: R$ 5,91
Óleo diesel: R$ 6,46;
Óleo diesel S10: 6,58.
Com informações ND Mais