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Das ciências da cognição à ciência cognitiva VII

No bojo destas diferentes linhas de investigação encontram-se três problemas diversos. O primeiro deles diz respeito à natureza da linguagem humana.

Questiona-se a linguagem humana envolveria uma faculdade altamente especializada, em seus aspectos sintáticos, semânticos ou fonéticos, e se tal especialização seria melhor representada como um componente separado da cognição humana.

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Um segundo ponto importante recai sobre a escolha da melhor representação para a cognição. Seria o processo de pensamento identificado com o raciocínio lógico, e, portanto, representado como um processo dedutivo e hierárquico.

Um terceiro aspecto refere-se ao tipo de representação do conhecimento. Em relação aos modelos teóricos em psicologia cognitiva, registra-se ainda a divergência entre os modelos generalistas e os que se baseiam em módulos.

 O primeiro modelo tem longa tradição nos estudos dos processos cognitivos e pretende descrever uma representação global da organização cognitiva.

De outro lado, encontram-se os pesquisadores que postulam  modelo medular de organização cognitiva, em que cada módulo em particular operaria um determinado tipo de informação, como, por exemplo, a linguagem, a música ou outro conteúdo específico.

Fodor sugere que a mente deveria ser entendida como um conjunto de diversos módulos mentais, ou seja, como um conjunto de faculdades mentais altamente específicas em relação a determinado conteúdo.

 As operações psicológicas seriam caracterizadas por domínios específicos independentes (MOURA e CORREA, 1997). Estes módulos, ou faculdades mentais, seriam relativamente independentes uns dos outros, ou, melhor dizendo, auto-suficientes.

O princípio que organiza o funcionamento de cada um destes módulos mentais seria inato, não dependendo de nenhum tipo de treinamento externo para se desenvolver.

 Poder-se-ia dizer que os módulos mentais contemplam habilidades mentais inatas altamente especializadas no trato com determinado tipo de estímulo. Os módulos mentais teriam, também, um modo de funcionamento automático, fora do controle consciente. Em conseqüência, tais módulos poderiam operar com extrema rapidez.

A tese da modularidade da mente tem ganhado suporte empírico, principalmente através de evidências obtidas em crianças e adultos cujas habilidades gerais são excepcionalmente necessitados, e que, no entanto, demonstram habilidades sofisticadas em domínios especializados.

Outra forte evidência provém do relato de casos de crianças-prodígio que demonstram excepcional habilidade em domínios específicos ainda muito novas, sem que estas habilidades possam ser explicadas através de suas interações sociais, e sem que estas mesmas habilidades tenham exercido qualquer influência em outros domínios cognitivos (MOURA e CORREA, 1997).

 

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