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Das ciências da cognição à ciência cognitiva IV

A Ciência Cognitiva, ao ignorar a evolução da própria Filosofia que lhe serviria de fundamento, parece ter incorrido na ilusão ingênua de que a consolidação de uma disciplina como científica implica numa recusa positivista em discutir seus fundamentos filosóficos.

O preço desta surdez deliberada e da recusa de se dissociar de pressupostos assumidos até nos dias de hoje de maneira não-crítica pode ser tão alto a ponto da ciência cognitiva comprometer seu futuro como programa de pesquisa.

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A retomada do conexionismo e das pesquisas sobre redes neurais nas últimas décadas constituía um momento crucial para a ciência cognitiva reavaliar suas parcerias filosóficas.

A Ciência Cognitiva não pode prescindir de uma ou alguma noção de representação, mas, para incorporar os resultados da reflexão filosófica contemporânea, teria de situar-se para além da noção tradicional de representação.

Repensar o estatuto da representação na ciência cognitiva significa não apenas buscar novas parcerias filosóficas para esta disciplina, mas também repensar seu objeto e seu projeto científico a partir destas novas alianças.

Do ponto de vista da constituição epistemológica, esta nova perspectiva coloca os indivíduos numa posição vantajosa: a representação passa a poder ser desenvolvida como um fenômeno cognitivo.

Em consonância com o magistério da lavra de Teixeira (2004), se a Ciência Cognitiva aspira a romper com a visão clássica da representação deverá estudar não somente o sistema representacional dos variados organismos, como também o meio ambiente onde as representações se desenvolvem e as condiciona.

A motivação precípua da Neurociência contemporânea reside na possibilidade de reduzir fenômenos mentais a um substrato neurológico, e, destarte, interdisciplinarmente com a Ciência Cognitiva e a Filosofia, gerar visão holística do cérebro.

Na década de 1970, predominou concepção do funcionamento mental onde este era definido como um conjunto seqüencial de computações efetuadas sobre representações simbólicas.

A Ciência Cognitiva se orienta por relação combativa entre seus dois principais paradigmas: o representacionalismo, o qual vê a mente como um manipulador de símbolos, e o conexionismo, o qual vê a mente como um associador de padrões. 

Conquanto as palavras descorteses que ambas proferem a respeito uma da outra, as duas escolas não são tão divergentes quanto alegam seus defensores e cada uma tem problemas sérios exatamente nas características que supostamente a tornam atraente em relação à sua rival.

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