Gafes enormes tem sido cometidas por pessoas desabituadas a prática uniforme da cortesia no tratamento diário com seus semelhantes, pouco importa se com conhecidos ou com estranhos.
Conta-se que a rainha Vitória, da Inglaterra, quando hospedada no castelo Windsor, não longe de Londres, costumava fazer passeios a pé, incógnita.
Certa vez, num de seus passeios, a soberana foi surpreendida por uma chuva inesperada. Bateu à porta da primeira casa no campo para pedir emprestado um guarda-chuva.
Uma senhora de maneiras rudes veio à porta, ouviu o pedido e resmungando desapareceu. Voltou instantes depois com um velho guarda-chuva.
– Tenho outro melhor, explicou ela, mas como não espero ver este guarda-chuva de volta, a senhora pode levá-lo.
A rainha agradeceu amavelmente e prosseguiu seu passeio.
No dia seguinte um “gentleman” trajado em librê parou em frente da casa. A senhora veio abrir a porta e ficou surpreendida de receber de volta seu guarda-chuva e uma bolsa com algumas libras esterlinas.
– É um presente da parte de sua majestade, a rainha Vitória.
A pobre mulher caiu das nuvens, mas era demasiado tarde para
corrigir a má impressão que deixara.
O único preventivo para evitar tais gafes teria sido a prática de uma cortesia uniforme. “A caridade não tem bandeira”, diz o provérbio, e tampouco a cortesia. Não conhece barreiras de raça, cor ou posição social. É a manifestação espontânea de um caráter habituado a tratar
a todos com distinção e delicadeza.
A cortesia dignifica tanto o que a estende como o que a recebe.
“Colunas do Caráter” de S. Júlio Schwantes