Uma equipe de pesquisadores conseguiu fazer um dos maiores feitos da história da ciência mundial: ressuscitar vermes congelados há quase 46 mil anos, um superverme. O feito foi divulgado nesta semana na revista PLOS Genetic.
Segundo o jornal americano Washington Post, o verme estava nas profundezas de geleiras na Sibéria. De lá, o verme foi revivido e começou a ter bebês em uma placa de laboratório.
Ao sequenciar o genoma desta lombriga Rip Van Winkle, os cientistas revelaram tratar-se de uma nova espécie de nematóide.
Além do fator “uau” de um nematóide que viaja no tempo, há uma razão prática para estudar como essas criaturas minúsculas e fusiformes ficam dormentes para sobreviver em ambientes extremos, disse Philipp Schiffer, líder do grupo no Instituto de Zoologia da Universidade de Colônia. e um dos autores do estudo.
De acordo com o pesquisador, esse trabalho pode revelar mais sobre como, em nível molecular, os animais podem se adaptar à mudança de habitat devido ao aumento das temperaturas globais e à mudança dos padrões climáticos.
Um verme pré-histórico, ressuscitado
Os cientistas sabem há muito tempo que algumas criaturas microscópicas são capazes de fazer uma pausa na vida para sobreviver a ambientes hostis, entrando no sono mais profundo ao desacelerar seu metabolismo a níveis indetectáveis em um processo chamado criptobiose.
Já em 1936, um crustáceo viável de vários milhares de anos foi descoberto enterrado no permafrost a leste do lago Baikal, na Rússia. Em 2021, os pesquisadores anunciaram que haviam ressuscitado antigos rotíferos bdelóides, animais multicelulares microscópicos, após 24.000 anos nas geleiras da Sibéria.
O recorde anterior de ressuscitação para um nematóide (tipo de verme) foi estabelecido por uma espécie antártica que começou a se contorcer novamente depois de apenas algumas dezenas de anos.
Esta nova espécie de nematóide, apelidada de Panagrolaimus kolymaensis, quebra esse recorde de dormência em dezenas de milhares de anos. O solo congelado no qual o nematoide estava embutido veio de um antigo buraco de gopher, escavado a cerca de 40 metros abaixo da superfície. Os cientistas usaram datação por radiocarbono para determinar que o solo tinha 46 mil anos.
Receita para reviver o superverme
A receita para reviver essas criaturas é bastante simples, disse Schiffer. Os pesquisadores descongelam o solo, tomando cuidado para não aquecê-lo muito rapidamente para evitar o cozimento dos nematóides. Os vermes então começam a se contorcer, comendo bactérias em uma placa de laboratório e se reproduzindo.
O nematoide original de 46.000 anos não está mais vivo, mas os cientistas continuaram a criar mais de 100 gerações desse único nematoide. A espécie se reproduz sem um parceiro por meio de um processo chamado partenogênese.
O que intriga os pesquisadores não é apenas a idade do espécime, mas como ele entra em um estado de limbo.
Por meio de experimentos, eles descobriram que, como outra lombriga microscópica, C. elegans, a nova espécie de nematoide sobrevive ao congelamento e à secagem melhor se for exposta a condições levemente dessecantes antes do congelamento profundo. Durante esse recondicionamento, os nematóides começam a produzir um açúcar chamado trealose, que pode ajudar a proteger o DNA, as células e as proteínas da degradação.
Com informações ND Mais