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Chuvas provocam perdas de madeira serrada em Caçador e região

A alta umidade associada a temperatura elevada, desencadeia a proliferação de fungos na madeira, que causam o chamado “azulamento”. Isso provoca manchas e desclassifica o material. A indústria de transformação da madeira sente diretamente os impactos deste problema

As chuvas, tão comuns nos primeiros meses do ano na região, afetam diretamente o setor florestal. De acordo com o Sindicato da Indústria da Madeira de Caçador, as perdas em madeira serrada chegaram a 25% no mês de janeiro. Este fato impacta no aumento do custo da madeira serrada, a matéria-prima da indústria de base florestal que movimenta a economia de Caçador e região.

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A alta umidade associada a temperatura desencadeia a proliferação de fungos na madeira, que causam o chamado “azulamento”. Isso provoca manchas e desclassifica o material. A indústria de transformação da madeira sente diretamente os impactos deste problema.

De acordo com Aurélio de Bortolo, presidente do Sindicato da Indústria da Madeira de Caçador e diretor industrial na Frame Madeiras Especiais Ltda., a alternativa para as empresas é investir em pátios de armazenamento de madeiras com sistema de irrigação de água, 24 horas. Isso porque a umidade preserva a madeira até o processo de transformação. “Mas são poucas as empresas que possuem este processo. As serrarias não conseguem manter a madeira nestas condições. Este é um dos problemas”, comenta.

O outro problema são as difíceis condições para extração e escoamento da madeira, do reflorestamento até a serraria e de lá, até a indústria de transformação. “O transporte precisa ser dividido em mais caminhões, para preservar as estradas, que no interior são muito afetadas pelas chuvas. Isso gera mais custos. Todo este processo resulta em menos madeira nas serrarias e por consequência, as indústrias estão produzindo menos, apesar da alta demanda por produtos de madeira”, afirma. A situação gera mais custos para as indústrias que absorvem, sem conseguir repassar para o consumidor final.

Segundo Aurélio, o ano de 2020 foi marcado pelo aumento nos pedidos de produtos de madeira. A pandemia levou algumas empresas a paralisar a produção por alguns meses, e isso gerou acúmulos de pedidos. Outro fator do aumento da demanda, foram reformas e obras, especialmente em países da Europa e nos Estados Unidos, onde tradicionalmente as pessoas mantêm um apreço muito grande por produtos de madeira. “Existe um mercado aquecido, mas as empresas enfrentam este problema todo o início do ano e não é possível repassar o aumento dos custos para os produtos”, explica.

Indústrias carentes de mão-de-obra

O setor de base florestal de Caçador e região manteve o ritmo de contratações, mesmo na pandemia. Mas ainda é um problema frear a rotatividade de funcionários.

O Presidente do Sindicato da Indústria da Madeira destaca que uma nova geração de trabalhadores chega às empresas sem experiência e conhecimento. E não permanecem na empresa tempo suficiente para receber maior qualificação, e por consequência, alcançar um salário maior. “Este é um cenário que todas as empresas estão enfrentando. É uma nova e difícil situação”, afirma Aurélio.

Qualificação

O gerente executivo SESI, SENAI e IEL da Regional Centro-Norte da FIESC, Daniel Tenconi revela que alternativas estão sendo buscadas para contribuir com o setor na qualificação profissional. Segundo ele existe uma questão a ser equacionada que é a escolaridade básica dos trabalhadores das indústrias do setor. “Hoje 59% não têm escolaridade básica. Sendo assim, está sendo realizado um trabalho de base em parceria com a Prefeitura”, explica.

Ele destaca ainda que os trabalhadores que já concluíram o Ensino Médio, têm a opção do curso técnico de Processamento da Madeira do SENAI. Já são três turmas em andamento e está para iniciar a quarta. “Estamos ofertando qualificação com a formação técnica em Caçador. Além disso, estamos atualizando todo o portfólio de cursos de curta duração. Todo o movimento do SESI e do SENAI visa contribuir com as indústrias de base florestal, na qualificação profissional do trabalhador”, comenta.

 

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