O resgate da cultura cabocla, através da promoção da 1ª Semana do Contestado, em 2015, foi intensificado pela Câmara Municipal de Caçador. Na tarde de sexta-feira (8), em Lebon Régis, o presidente da Casa Legislativa, Ricardo Pelegrinello oficializou seu apoio a Pastoral Cabocla Diocesana, coordenada por Adelmir Simão, popular Bililo. Durante a reunião, diversas lideranças divulgaram as ações programadas e discutiram novas atividades alusivas ao tema na região.
Segundo Maria Inês Ramos, representante da Pastoral Cabocla Diocesana em Caçador, a iniciativa de Lebon Régis melhora a autoestima da região. “Acho que foi para isso que Deus nos criou, para sermos felizes e convivermos em comunidade; e a Pastoral Cabocla vem resgatar isso. O que o caboclo tem de melhor que é esse jeito simples de viver e compartilhar a alegria. É muito importante que a Câmara de Caçador participe para nos ajudar fortalecer a nossa caminhada e a nossa luta”, completa.
O padre Valmir Pasa, pároco em Lebon Régis, também destaca que a participação do Poder Público contribui no processo de valorização cultural das comunidades. “É uma alegria imensa realizar esse evento que marca a cultura e torna cada vez mais presente no meio de nós a essência de nosso povo. Principalmente, de tudo aquilo que é importante para nós, as raízes caboclas traduzem na nossa alimentação, nosso modo de pensar, de nos vestirmos e até mesmo de rezarmos”, descreve.
A ação da igreja no movimento pela valorização cabocla junto a outros segmentos da sociedade foi comentada pelo presidente da Câmara de Caçador, Ricardo Pelegrinello. “A realização da Semana do Contestado em Caçador, em setembro do ano passado, foi o primeiro passo desse trabalho que tem a pretensão de envolver outras comunidades e municípios nessa missão cabocla de apresentar e valorizar a nossa história, e estimular que outros segmentos da sociedade também se responsabilizem com a cultura cabocla”, conclui.
Região tem a única Pastoral Cabocla
Conforme Adelmir Simão – popular Bililo, presidente-fundador da Pastoral Cabocla – única do Brasil – o movimento começou com a Associação Cabocla, criada em Lebon Régis. Ele conta que a entidade iniciou há cinco anos visando o resgate da história do Contestado. No início eles organizavam duas missas por mês na Paróquia Santo Antônio, de Lebon Régis, com grande aceitação da comunidade. A Pastoral Cabocla foi ordenada durante a Romaria da Terra, dia 13 de setembro de 2015, em Timbó Grande, pelo bispo Dom Severino Clasen.
“O caboclo é uma gente muito devota, e naquele tempo não tinha remédio, e nem médico, era preciso ‘se apegar’ com a erva medicinal e a devoção mesmo. Eles tinham muita fé, benziam, faziam o chá e se curavam. Esse povo foi muito sofrido, enfrentou a Guerra do Contestado, e por isso decidimos criar a Associação e agora a Pastoral Cabocla, para resgatar a história dos nossos antepassados”, destaca Bililo.
Além da culinária típica, orações do caboclo nos encontros da pastoral são fortalecidos os costumes e repassados as novas gerações. “E temos feito de tudo para resgatar e agradecer a Deus pela oportunidade de contar essa história esquecida na região através da primeira Pastoral Cabocla do Brasil. Por isso, quero que Deus nos ilumine para tocar para frente esse projeto junto ao pessoal de Caçador, Santa Cecília, Lebon Régis, Fraiburgo e Timbó Grande”, finaliza.
1ª Romaria de São João Maria
Também durante a reunião da Pastoral Cabocla foi anunciada a realização da 1ª Romaria de São João Maria, em Lebon Régis. “Vamos definir a data ainda, mas o evento será na Comunidade das Perdizinhas, aonde aconteceu um dos grandes massacres do Contestado, e também está o crematório com vestígios e ossos de pessoas que foram dizimadas há 100 anos, queimadas na Guerra. E queremos que esse seja um espaço de encontro de confraternização e de respeito aos que foram vitimados pela Guerra do Contestado”, elucida o padre Valmir Pasa.