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As funções de apoio à docência – planejador educacional VI

Pensar em planejar a educação, com base no ideal de cidadania ativa, é parte essencial da reflexão acerca de como realizar e organizar todas as atividades no âmbito escolar e educacional, o que significa encarar de frente os problemas dessa instituição e do sistema educacional como um todo. A cidadania é aqui compreendida como o exercício pleno, por parte da sociedade, de seus direitos e deveres, fundamentado no exercício da democracia. (PADILHA, 2001).

Para a escola cidadã, há que se compreender as relações institucionais, interpessoais e profissionais nela presentes, avaliando e ampliando a participação de diferentes atores em sua administração, assumindo-a enquanto instância social de contradições adequadas ao debate construtivo e, mormente, enquanto entidade que tem como principal finalidade proporcionar a aprendizagem a crianças, jovens e adultos.

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É por isso que, quando se fala em planejamento na escola cidadã, essa questão está diretamente relacionada com a gestão democrática no ensino público. No entender de Padilha (2001), “realizar os diversos planos e planejamentos educacionais e escolares, organizando a educação, significa exercer uma atividade engajada, intencional, científica, de caráter político e ideológico e isento de neutralidade”.

Sob essa perspectiva de entendimento, planejar compreende um processo que objetiva dar respostas a um problema, estabelecendo fins e meios que apontem para sua superação, de forma a atingir objetivos anteriormente previstos, pensando e prevendo necessariamente o futuro, mas sem desconsiderar as condições do presente e as experiências do passado, levando em consideração os contextos e os pressupostos filosóficos, culturais e políticos de quem planeja e de com quem se planeja. 

O resultado desse processo será o de influenciar e provocar transformações nas instâncias e nos níveis educacionais que, historicamente, têm ditado o como, o porquê, o para quem, o quando e o onde planejar. Ressalte-se, nesse sentido, a necessidade de assegurar maior autonomia aos planejadores educacionais.

A autonomia na escola cidadã pressupõe a alteridade, a participação, a liberdade de expressão, o trabalho coletivo na sala de aula, na sala de professores, na escola e fora dela. A educação entendida como um processo de conscientização está diretamente relacionada com a autonomia e, como esta se fundamenta no pluralismo político-pedagógico, assegura a modificação possível no próprio sistema educacional e nos próprios elementos que o interagem. (FREIRE, 1997).

Ainda conforme Freire (1997), o planejamento nessa escola cidadã consiste em uma nova forma de planejar a própria educação que parte da realidade escolar, pois é ali que ocorre a formação da cidadania ativa e se iniciam as transformações na educação. Convoca-se os segmentos escolares a participar da elaboração do planejamento escolar, que não fica a cargo somente do planejador educacional.

A atividade de planejar a atividade educativa não se restringe à reflexão acerca dos problemas educacionais. Ela implica uma visão e análise amplas de mundo e da sociedade. É preciso resgatar também a dimensão pedagógica do planejamento como uma atividade que proporciona a aglutinação em tono da escola, dos diversos segmentos escolares e extraescolares, superando a prática taylorista de planejamento, segundo a qual quem planeja não executa, quem decide não faz e quem faz não decide. (PADILHA, 1997).

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