A arte tem essencial importância no desenvolvimento da sociedade, pois existe desde os primórdios da civilização, sendo muito anterior à invenção da escrita, o que faz com que ela se torne um dos fatores essenciais de humanização. O gosto por imagens, objetos, músicas, entre outros, acompanham o indivíduo desde seus primeiros anos de vida.
A arte sempre retrata o seu tempo, por isso, as modificações na sociedade sempre conduzem a grandes transformações nos padrões artísticos. Guerras, revoluções, alternâncias significativas no poder político resultam em nova linha na produção artística. Por vezes, é a rebeldia dos jovens e a necessidade das novas gerações de criar suas próprias formas de expressão que levam à modificação dos padrões estéticos, afirma Costa (1999).
Os velhos modelos estéticos são substituídos por outros mais recentes, adequados ao momento que perpassa as condições culturais na sociedade. Gombrich (apud COSTA, 1999) aponta como fonte dessa renovação artística o confronto que existe entre a necessidade de repetição e de renovação da arte.
Ademais, também os inventos tecnológicos têm tido profundas conseqüências no fazer artístico. Deste modo, verifica-se como a arte está diretamente ligada aos aspectos culturais, políticos e tecnológicos, reivindicando para si o direito de ser também considerada como um meio de conhecimento.
Neste sentido, Nunes (2003) sustenta que o desenvolvimento das artes está atrelado ao processo histórico geral e as condições variáveis da cultura no tempo e no espaço. As formas artísticas não podem ter uma história privada ou independente.
O objeto estético é datável, situando-se num momento do tempo histórico, por um feixe de relações com os diversos aspectos – social, político, religioso, moral – que caracterizam determinado momento, e que constituem o estado geral do espírito e dos costumes. As coordenadas temporais assinalam a sua inserção no presente, as suas conexões com o passado ou com a tradição e com os momentos posteriores do desenvolvimento artístico.
Entretanto, o tempo histórico das artes é em geral polêmico, afirma Nunes (2003). A tradição aceita num momento é contestada noutro: supera-se a experiência passada, preparando-se a nova experiência futura.
Assim, o tempo histórico da arte, objetivo, com sua dimensão vertical e horizontal, acaba por ser percorrido por uma outra temporalidade, que pode ser chamada de transversal. A ela pertencem os inesperados compromissos com o passado, a retomada de tradições que haviam sido esquecidas, a descoberta de veios inexplorados que passam a estimular a criação artística.
A temporalidade vertical, horizontal e transversal da arte é ainda complementada por uma quarta perspectiva: a temporalidade fundamental, subjacente às três referidas, e na qual assenta o que há de permanente, de perdurável nas obras artísticas, qualquer que seja a sua posição no tempo histórico. Essa perspectiva é intersubjetiva e dialogante, sendo que perdura até mesmo nos períodos de revolução artística.