O promotor de Justiça Glauco José Riffel, da 3ª Promotoria de Caçador informou que estará averiguando todos os procedimentos envolvendo estabelecimentos e casas noturnas de Caçador e região que estão em tramitação na Promotoria.
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O Promotor salientou que existe a fiscalização por parte de setores da Prefeitura, bombeiros militares e voluntários e a Promotoria também acompanha. “Vamos verificar. Não deveria ser assim, estas tragédias não precisavam acontecer, mas quando acontecem, acabam abrindo nossos olhos pra isso. Vamos hoje mesmo verificar todos os procedimentos em tramitação na Promotoria, fazer reuniões, buscar outros órgãos. Tenho certeza que a maioria quer com certeza estar com tudo regularizado”, destacou.
Outras ações
A Defesa Civil de Blumenau fará nesta quarta-feira de manhã, às 9h, uma reunião com o Corpo de Bombeiros para organizar uma força-tarefa de fiscalização das casas noturnas da cidade. A medida se deve à tragédia que matou mais de 230 pessoas em Santa Maria (RS) no último fim de semana na Boate Kiss.
Vistorias
Mais de três mil estabelecimentos de Caçador possuem cadastro junto aos Bombeiros Voluntários para vistorias da parte de segurança. O bombeiro Tiago Luiz da Silva explica que na vistoria é seguida à risca a Lei Estadual número 4.909 que exige entre outras situações, extintores de incêndio, iluminação de emergência e outros.
Diante de casos de incêndios em lugares fechados a recomendação é procurar a saída o mais rápido possível e procurar andar abaixado, mais próximo do chão. “Em incêndios os gases tóxicos sobem e o oxigênio desce. A pessoa assim consegue tentar respirar”, orienta.
Projeto de Lei
Após a tragédia de Santa Maria, a deputada Elcione Barbalho decidiu apresentar, nos próximos dias, pedido de urgência para levar ao plenário da Câmara projeto de lei, de sua autoria, com normas de segurança para casas noturnas.
A medida é uma tentativa de acelerar a tramitação do texto. O PL 2020 já foi aprovado em duas comissões da Câmara e não precisaria passar pelo plenário. Mas está na CCJ desde o ano passado. O texto exige que os estabelecimentos contratem seguranças, tenham sistemas de alarme e de combate a incêndio, além de detectores de metais. O projeto, se aprovado, ainda precisa passar pelo crivo do Senado.
Entenda
O incêndio com mais mortes nos últimos 50 anos no Brasil causou comoção nacional e grande repercussão internacional. Em poucos minutos, mais de 230 pessoas – na maioria jovens – morreram na boate Kiss de Santa Maria – cidade universitária de 261 mil habitantes na região central do Rio Grande do Sul. Outras 127 ficaram feridas.
A tragédia começou às 2h30 de domingo (27/01), quando um músico acendeu um sinalizador para dar início ao show pirotécnico da banda Gurizada Fandangueira. No momento, cerca de 2 mil pessoas acompanhavam a festa organizada por estudantes do primeiro ano das faculdades de Tecnologia de Alimentos, Agronomia, Medicina Veterinária, Zootecnia, Tecnologia em Agronegócio e Pedagogia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Uma fagulha atingiu o sistema de exaustão da casa noturna e o fogo se alastrou rapidamente pelo teto com papelão e material de proteção acústica. A maioria das vítimas, porém, não foi atingida pelas chamas – 90% morreram asfixiadas.
Sem porta de emergência nem sinalização, muitas pessoas em pânico e no escuro não conseguiram achar a única saída existente na boate. Com a fumaça, várias morreram perto do banheiro. Para piorar, seguranças da casa tentaram impedir alguns frequentadores de sair antes de pagar a comanda. Na rua estreita, o escoamento do público foi difícil. Bombeiros e voluntários quebraram as paredes externas da boate para aumentar a passagem. Mas, ao tentarem entrar, tiveram de abrir caminho no meio dos corpos para chegar às pessoas que ainda estavam agonizando. Muitos celulares tocavam ao mesmo tempo- eram pais e amigos em busca de informações.
Como o Instituto Médico-Legal não comportava, os corpos foram levados a um ginásio da cidade, onde parentes desesperados passaram o dia fazendo reconhecimento. Lá também foi realizado o velório coletivo.
Ao longo do dia, centenas de manifestações de solidariedade lembraram a tragédia em todo o País. Emocionada, a presidente Dilma Rousseff chorou duas vezes ao falar do caso – ainda no Chile, de manhã, onde deixou um encontro com presidentes, e à tarde, ao lado do governador Tarso Genro, já em Santa Maria.