A Polícia Rodoviária Federal (PRF) disse que tirou das ruas os policiais flagrados em um vídeo dizendo que não iriam intervir ou multar grupo de bolsonaristas que bloqueava estradas em Santa Catarina. De acordo com o órgão, eles são investigados e enquanto isso vão ser mantidos apenas em funções administrativas.
Segundo um levantamento feito pelo g1, a PRF investiga ao menos três casos de irregularidades praticadas pelos policiais rodoviários federais em todo o país. As apurações se concentram em Santa Catarina, com dois casos, e São Paulo, também com dois casos. O afastamento é o primeiro anunciado pelo órgão relacionado às ações em bloqueios.
O caso foi registrado no segundo dia de bloqueios nas estradas federais, em 1° de novembro. Grupos contrários ao resultado das eleições invadiram rodovias em vários pontos do país. Havia ordem da Justiça para que a PRF intervisse. No entanto, na imagem feita em Santa Catarina, dois agentes aparecem afirmando que a orientação era para que apenas permanecessem no local. Em um dos vídeos, um agente afirmou: “Eu não vou fazer multa nenhuma”.
Nesta terça-feira (8) a PRF informou que os agentes que que aparecem na imagem foram afastados da função e colocados em serviços administrativos. “Foram abertos os Processos de Investigação Preliminar. Os dois policiais envolvidos foram realocados para trabalhar em funções administrativas até o final das investigações”. A apuração é feita pela Corregedoria-Geral em Brasília.
Investigações no país
De acordo com um levantamento do g1, há pelo menos três investigações abertas contra ações de policiais rodoviários federais em todo o país pela corregedoria da PRF. Além do caso dos dois agentes já afastados em Santa Catarina, há outro caso em São Paulo.
Em São Paulo, PRFs são investigados por tomar café com bolsonaristas que interditavam a via Dutra em São José dos Campos. Os agentes foram flagrados em vídeo com os manifestantes.
A reportagem do g1 acionou a PRF para saber como está a investigação do caso e saber se há mais inquéritos abertos além dos casos exibidos pela imprensa. Em nota, o órgão informou que ” não pode se manifestar em detalhes sobre casos com investigação em andamento sob pena de faltar com a imparcialidade necessária à elucidação dos fatos e condutas investigadas”.
Investigação de omissão
Nesta segunda-feira (7), a Procuradoria da República do Distrito Federal (PRDF), afirmou que o Ministério Público Federal (MPF) investiga se houve “motivação política” em eventual omissão da Polícia Rodoviária Federal (PRF) nos bloqueios ilegais e antidemocráticos em rodovias.
O movimento começou após o resultado das eleições, no dia 30 de outubro. De acordo com o MPF, a PRF poderia ter agido para minimizar as ações logo nas primeiras horas. Ao longo da semana em que se estendeu a ação, o país chegou a registrar 677 pontos de interdição em rodovias.
A Justiça teve de intervir pedindo celeridade da polícia rodoviária e governadores de ao menos 16 estados chegaram a autorizar que a Polícia Militar agisse — no caso de rodovias federais, por lei, apenas a PRF poderia adotar medidas.
Além disso, o MPF pediu para a Polícia Federal para abrir inquérito sobre a atuação do diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques. Ele será ouvido na investigação.
Com informações G1SC