Notícia Hoje

Mata, calor e até picada de cobra: como são as buscas pela idosa desaparecida em Campo Alegre

O desaparecimento da idosa Lamya Selenica, em Campo Alegre, no Planalto Norte de Santa Catarina, completa uma semana nesta quarta-feira (19). Já são sete dias de buscas dos bombeiros pela mulher que tem 62 anos, sofre de Alzheimer e não fala português.

Lamya é de origem israelense e foi vista pela última vez na quarta-feira (12), na Comunidade Nova Galileia. O Corpo de Bombeiros Militar, porém, foi acionado apenas um dia depois e, desde então, tem realizado uma força-tarefa incessante em busca da idosa.

Publicidade

O tenente João Ricardo Prochmann, que responde pelo comando dos quartéis de São Bento do Sul, Rio Negrinho e Campo Alegre, explica que, no momento, a maior dificuldade relacionada às buscas é a falta de atualizações sobre o caminho percorrido pela idosa.

“A última verificada como verdadeira é que, na sexta (14), encontramos a bolsa dela. Esse é o último local que sabemos ela passou”, conta. Os bombeiros receberam relatos de que Lamya teria sido vista em cidades próximas, já no Paraná, mas nada foi confirmado.

Além disso, outra dificuldade são as condições do local e do clima. “São áreas grandes, com vegetação de difícil acesso, e o calor dificulta o trabalho dos cães de busca e resgate. Trabalhamos respeitando o condicionamento físico dos animais e bombeiros, sem colocar ninguém em risco”, destaca João Ricardo.

Como funcionam as buscas pela idosa em Campo Alegre

O tenente explica que todos os dias, antes de começarem as buscas, é feito um planejamento da operação. Todos os pontos em que bombeiros, cães e drone já passaram são mapeados para que não haja retrabalho, o que não quer dizer que a equipe não possa repassar locais já percorridos.

“Uma das características da pessoa com Alzheimer é que ela perambula, podendo ir para outro lugar e voltar, mas normalmente os cães vão perceber”, destaca. Segundo João Ricardo, estudos demonstram que o deslocamento médio de uma pessoa com Alzheimer é de dois quilômetros a partir do ponto em que foi vista pela última vez.

“As chances são grandes de a pessoa ser encontrada principalmente em edificações ou perto de cursos d’água, mas está chegando o momento em que a gente já esgotou todas as possibilidades. Porém, continuamos trabalhando”, ressalta o tenente.

Mais de 60 bombeiros foram mobilizados nas buscas. “A importância desses profissionais é pelo conhecimento em procurar vestígios e fazer chamada e escuta, o que é um pouco complicado porque, supostamente, ela não quer ser encontrada por causa do Alzheimer”, diz João Ricardo.

Os cães também participam das buscas formando binômios (dupla de bombeiro e cão). “Eles conseguem trabalhar à noite até melhor do que de manhã, por causa do clima, e não importa se está escuro, já que trabalham pelo olfato”, explica.

O tenente salienta que um único cão consegue cobrir a área equivalente a dez bombeiros trabalhando. Na força-tarefa, dois binômios já foram empenhados, mas uma das cadelas, Zara – que faz dupla com o cabo De Souza – acabou sendo picada por uma cobra e está se recuperando do ferimento.

Além das buscas em terra com cães e bombeiros, o uso do drone também facilita a operação. “A gente consegue cobrir uma área comprida e de difícil, ou até impossível, acesso”.

Apesar de todo o apoio, o tempo desde o desaparecimento é uma preocupação. “Por ser uma pessoa de mais idade e estar sobrevivendo em algum lugar perdida na mata, o tempo é muito complicado. Existe a chance de ela ter ido a óbito, ter se machucado, caído em algum lugar, ou mesmo pela falta de alimento. Essa é uma hipótese que a gente trabalha”, fala o tenente.

Com informações ND Mais 

Sair da versão mobile