O fotógrafo e agenciador de modelos de Balneário Camboriú no Litoral Norte de Santa Catarina, suspeito de produzir, disponibilizar e comercializar fotos sensuais de crianças e adolescentes em poses sensuais e eróticas para sites internacionais, foi preso na manhã desta quinta-feira (28), através da operação Abusou da Polícia Federal.
A operação busca desarticular uma organização criminosa que atuava na produção dessas imagens e comercialização sem o consentimento das vítimas. Mais de 80 vítimas já denunciaram o fotógrafo.
Além da prisão preventiva do principal suspeito, foram expedidos pela 1ª Vara Federal de Itajaí o sequestro e bloqueio de bens e o cumprimento de 10 mandados de busca e apreensão. A ação ocorre em endereços da organização criminosa situados em Balneário Camboriú, Santana do Parnaíba (SP) e nas capitais dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul.
O principal fotógrafo do grupo é também acusado da prática de crimes sexuais e de induzir as modelos a trocarem de roupa em seu carro e em seu estúdio fotográfico, onde haveria espelhos e câmeras estrategicamente posicionadas para registrá-las nuas.
Mais de 120 crianças e adolescentes brasileiras, com idades que variam entre 4 e 18 anos, foram identificadas até o momento. O ND+ conversou com algumas das vítimas que contaram como o fotógrafo agia.
Amanda* descobriu que suas fotos, feitas em 2019 para uma marca de biquínis, estavam sendo vendidas em um site associado à pornografia infantil.
Na plataforma, as fotos e os vídeos de várias crianças e adolescentes, incluindo as de Amanda, são anunciadas em dólar por valores que variam entre US$ 10 a US$ 30 por conteúdo. São imagens das modelos vestindo biquíni e shorts com a descrição da idade de cada uma e os nomes trocados.
O principal fotógrafo do grupo é também acusado da prática de crimes sexuais e de induzir as modelos a trocarem de roupa em seu carro e em seu estúdio fotográfico, onde haveria espelhos e câmeras estrategicamente posicionadas para registrá-las nuas.
Mais de 120 crianças e adolescentes brasileiras, com idades que variam entre 4 e 18 anos, foram identificadas até o momento. O ND+ conversou com algumas das vítimas que contaram como o fotógrafo agia.
Amanda* descobriu que suas fotos, feitas em 2019 para uma marca de biquínis, estavam sendo vendidas em um site associado à pornografia infantil.
Na plataforma, as fotos e os vídeos de várias crianças e adolescentes, incluindo as de Amanda, são anunciadas em dólar por valores que variam entre US$ 10 a US$ 30 por conteúdo. São imagens das modelos vestindo biquíni e shorts com a descrição da idade de cada uma e os nomes trocados.
Foi uma amiga que contou para Amanda que as fotos dela estavam sendo vendidas. Um perfil anônimo teria denunciado o site e alertado as jovens.
Outra modelo relata que sofreu assédio durante o ensaio. “No último ensaio ele tentou me beijar. Ele foi bem claro nas palavras: ‘te torno miss, mas tem que deixar eu cuidar de você’, e colocou a mão nas minhas partes íntimas”, relata a vítima. “Depois disso, nunca mais apareci lá”.
Milhares de arquivos pornográficos
Duzentos mil arquivos de imagens e vídeos estão sendo analisados pelo SERCOPI/DRCC (Serviço de Repressão a Crimes de Ódio e Pornografia Infantil da Polícia Federal), que fica em Brasília (DF), que atua na investigação.
As investigações tiveram o apoio do Secretariado Geral da Interpol, localizado na cidade francesa de Lyon, tendo em vista que há vários anos as imagens das menores eram reportadas por estarem associadas a pornografia infantil e estarem catalogadas no banco de imagens de exploração sexual infantil da Interpol.
Além disso, como parte da cooperação policial de longa data entre as autoridades norte-americanas e brasileiras, a Polícia Federal também contou com informações da Agência de Investigações de Segurança Interna (Homeland Security Investigations – HSI, em inglês), da Embaixada dos Estados Unidos, uma vez que diversos clientes da organização criminosa eram cidadãos americanos condenados por crimes sexuais contra crianças.
A Polícia Federal destaca que a comercialização das imagens aconteceu por muitos anos, por diferentes meios de pagamentos, como cartões de crédito, transferências internacionais e, mais recentemente, também por criptomoedas. O montante total das transações está sendo apurado.
Dez pessoas foram indiciadas pelos crimes de organização criminosa, violação sexual mediante fraude, importunação sexual, assédio sexual, registro não autorizado da intimidade sexual, disponibilização de material pornográfico e estupro de vulnerável.
Na medida de suas participações, os indiciados poderão responder pelos crimes citados, tipificados em Lei e no Estatuto da Criança e do Adolescente.
“Insistia em dizer que antigamente podia se relacionar com meninas mais novas”
Carla* alega que tinha 19 anos quando começou a ser fotografada pelo suspeito. Ela conta que foi acompanhada no primeiro ensaio, mas que o fotógrafo não tinha gostado porque “o acompanhante tirava a atenção da modelo”. Ele também pedia para que as meninas não usassem sutiã, pois “marcava na roupa”.
A modelo tinha que se trocar em um espaço com espelhos e uma câmera que, segundo o fotógrafo estaria inativa. Já no ensaio, Carla relembra momentos traumatizantes. “Ele pediu para eu encostar na parede, fechar os olhos, imaginar cenas excitantes e tentar soltar os lábios aos poucos para fazer o famoso carão. Ele se aproximou de mim a ponto de quase dar um beijo, era possível sentir sua respiração, eu permaneci imóvel e com muito medo, foi então que ele começou a tocar nas minhas partes íntimas e eu saí imediatamente”, relata.
Com medo de não conseguir realizar o sonho de ser modelo, Carla conta que passou a fazer os ensaios com o fotógrafo apenas em público e que reforçava, a todo momento, que namorava no intuito de impedir que ele tentasse tocá-la novamente.
“Ele fez muito a minha cabeça dizendo que eu tinha potencial e que se ficasse com ele, ele poderia me levar longe, me fazer crescer na carreira, e que todas as garotas que ele levou para o miss tinham passado por isso. Assim, eu poderia estar perdendo uma chance que eu nunca mais teria. Eu acreditei nisso”.
“Ele falava muitas atrocidades, insistia em dizer várias vezes que essa geração era muito mimimi e que antigamente podia se relacionar com meninas mais novas, que meninas já são mulheres. Ele sempre deixou muito claro seu desejo pelas meninas que fotografava. Eu nunca mais fiquei sozinha com ele”, relata. Para se recuperar do trauma, Carla precisou fazer terapia.
Com informações ND Mais