A mãe de Emanuelly Vitória Rocha de Souza, de 4 anos, denuncia que a criança foi estuprada dentro do Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad), na capital goiana, após ser internada na unidade para tratamento de uma suspeita de apendicite.
O suspeito do crime, um técnico em segurança do trabalho que era funcionário na unidade de saúde, foi preso na última quinta-feira (8/8). A Polícia Civil aponta que ele se aproveitava da situação de vulnerabilidade das famílias e teria feito, ao menos, três vítimas.
A corporação não divulgou o nome do suspeito e informou que o inquérito, que corre em segredo, deve ser finalizado no final da próxima semana.
Estuprada no hospital
O caso foi denunciado com exclusividade à TV Anhanguera. De acordo com a mãe da menina, o abuso ocorreu no dia 6 de maio deste ano, após a menina ser atendida e liberada com medicação, mas voltar ao hospital com piora dos sintomas.
A criança chegou a ser transferida para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Conforme os relatos da família, Emanuelly estava acompanhada de uma tia, que afirma ter sido retirada do quarto por um homem e uma mulher que se apresentaram como funcionários da unidade de saúde.
O homem, identificado como técnico em segurança do trabalho, teria permanecido com a criança durante duas horas, alegando que iria dar banho na menina.
Conforme o prontuário médico, as lesões foram constatadas durante a troca de fraldas, após o episódio com o funcionário do hospital. A família foi informada das lesões e autorizou a realização de exames pelo Instituto Médico Legal (IML).
“Eles entraram 8h da manhã. Saíram 10h. Demorou muito. À noite, quando foram levar ela [Emanuelly] para baixo, a assistente social me chamou e me mostrou como estava”, disse a tia, Luana Oliveira, à emissora.
O prontuário médico de Emanuelly indica que as primeiras lesões genitais foram registradas pela equipe de enfermagem quase 24 horas após a internação. O laudo cadavérico realizado pela Polícia Científica confirmou a presença de lesões íntimas, mas não determinou a origem.
Quadro de piora
Conforme o prontuário médico da criança, Emanuelly foi atendida no Hecad no dia 3 de maio, mas apresentou melhora e foi liberada com orientações para monitorar os sintomas e procurar atendimento médico em caso de piora.
Dois dias depois, no dia 5 de maio, a menina voltou a unidade de saúde com dor abdominal, diarreia e vômitos. Na data, ela foi admitida na “sala vermelha”, com “diurese e evacuação ausente”. Não há relatos de lesões genitais no registro.
Um dia depois, no dia 6 de maio, o prontuário médico indica que a criança está em estado gravíssimo, apresentando cerca de 10 dias de dor abdominal, diarreia e vômitos. Na data, foram constatadas lesões nos órgãos genitais, identificadas enquanto a fralda era trocada.
No dia 7 de maior, o registro afirma que a mãe da criança foi informada sobre as lesões e que há suspeita de abuso sexual. Conforme o relato, a responsável concordou em submeter a criança a um exame no IML.
“Eu sempre falei para eles: ‘aconteceu aqui dentro’. Foi ali dentro. Eles sempre negaram”, afirmou a mãe de Emanuelly, Giselly de Souza.
A Secretaria de Saúde de Goiás, responsável pelo Hecad, afirmou que não vai se manifestar sobre o caso, uma vez que a investigação está sendo conduzida pela Polícia Civil. Já o advogado do suspeito informou que responderá apenas nos autos do processo.
Conforme o laudo da Polícia Científica, a causa da morte foi septicemia por apendicite aguda.
Suspeito preso
O técnico em segurança do trabalho foi preso suspeito de estuprar crianças em Goiânia. Segundo a Polícia Civil de Goiás (PC-GO), o homem se aproveitava de informações recebidas no hospital para identificar famílias com vulnerabilidade onde os pais precisavam se ausentar durante a internação.
Segundo a corporação, de posse das informações, o homem entrava em contato com o pretexto de “cuidar das crianças” e abusava delas. A investigação da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Goiânia identificou ao menos três vítimas.
O homem foi preso suspeito de estupro de vulnerável e aliciamento de criança para praticar ato libidinoso. Segundo a polícia, ele é um criminoso sexual e investigado por diversos crimes sexuais contra crianças e adolescentes.
A Polícia Civil não divulgou o que o suspeito disse em depoimento. Além disso, não foi informado se a mulher que, segundo a família, teria também entrado no quarto está sendo investigada.
A conselheira tutelar Érika Reis detalhou que o Conselho Tutelar foi acionado para acompanhar o caso da criança de 4 anos após os profissionais desconfiarem que ela poderia ter sido abusada sexualmente.
“Ao chegar ao local, o Conselho Tutelar se deparou com a genitora que afirmava que a criança não chegou ao hospital com as escoriações nas partes íntimas. Ao conversar com a genitora, a mesma alegou que havia recebido uma ligação de um suposto funcionário do hospital o qual afirmava que gostaria de poder ajudar a cuidar da criança”, detalhou Érika à TV.
Com informações Metrópoles