A célula neonazista que realizou seu encontro anual em São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis, no ano passado, foi alvo de mais uma operação na última quarta-feira (29), quando dois integrantes foram presos no Rio Grande do Sul pela Polícia Civil de Santa Catarina.
O delegado Arthur de Oliveira Lopes, que atua na repressão ao racismo e a delitos de intolerância no Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), afirma que a célula chamou atenção por que faz parte de um grupo internacional neonazista, considerado o maior nível de organização, com hierarquias bem estabelecidades, além de manuais e pagamento de mensalidades.
“A organização nasceu nos Estados Unidos, mas passou a se espalhar por outros países na Europa e fora da Europa. A depender do país em que eles atuam, possuem perfis diferentes de criminalidade, como crimes contra a vida e tráfico de armas”, detalha.
Os dois criminosos presos em Caxias do Sul também partciparam do encontro em São Pedro de Alcântara, onde oito pessoas foram presas, mas foram embora um dia antes da operação ser deflagrada, em novembro de 2022.
“Identificamos quem eles eram e fizemos a prisão. Só deram sorte de não estarem no dia”, diz o delegado Daniel Sá Fortes Régis, diretor da Deic.
Por que SC foi escolhida
A célula com os dez integrantes já realizou encontros em diversas cidades do Sul do país, como Gramado, Timbó e Florianópolis. Segundo o delegado Arthur de Oliveira Lopes, as cidades com”características europeis” eram as preferidas do grupo para os encontros.
Além de ter sido o encontro anual em novembro, também era comemorada a formação de dois anos da oraganização em solo brasileiro. “Eles eram o único capítulo do Hammerskin Nation no país”, informou Lopes.
Os dois presos foram indiciados por organização criminosa, racismo e apologia ao nazismo. O inquérito policial foi encerrado.
Não foi identificado nenhum planejamento de atentado, mas os criminosos vinham constantementen recrutando novos integrantes para participarem do grupo.
“Nos celulares de alguns foram encontrados manuais de nacional socialismo, como forma de fortalecimento de atuação do grupo neonazista, alguns manuais para fazer explosivos”, detalhou delegado Arthur de Oliveira Lopes.
O diretor da Deic, porém, destaca que “não é necessário que eles pratiquem efetivamente um ato violento para que respondam pelo crime de organização criminosa”.
Segundo Régis, pelo fato de eles estarem associados com esse fim “já os caracteriza como integrantes de uma organização, ainda mais com esse ambiente de seletividade e hierarquia que eles constituem”.
Nesta sexta-feira (31), o inquérito foi encerrado e remetido à Justiça. Os policiais entraram em contato com a 40ª promotoria da Capital, responsável pelo processo contra os demais integrantes, para realizar o aditamento da denúncia. A intenção é todos respondam juntos pelos mesmos crimes.
Com informações ND Mais