“Ele dizia que há cerca de 10 meses planejava o ataque”. O relato é do soldado do Corpo de Bombeiros Militar, André Carlos Galiazzi. Ele foi um dos socorristas que atendeu o jovem de 18 anos, autor do ataque a escola infantil Pró-Infância Aquarela, em Saudades, no Oeste de Santa Catarina.
Galiazzi trabalha há 7 anos como bombeiro. Ele e um colega faziam vistorias na cidade de Pinhalzinho, distante cerca de 11 km de Saudades, quando captaram a ocorrência via rádio.
“A informação inicial era crua. Sabíamos apenas que alguém havia invadido a creche com um facão. Perguntamos para a guarnição de Saudades se era necessário apoio. Nos orientaram a se deslocar”.
No caminho até Saudades, em meio algumas interferências no rádio de comunicação, o soldado e seu colega ouviram a frase: “Deixamos uma vítima no hospital ainda com vida”. Naquele momento entenderam que a situação era grave.
O trajeto até a escola levou em torno de 12 minutos. Quando chegaram na creche encontraram três vítimas fatais, entre elas uma professora e duas crianças, além do agressor algemado. “Ele tinha ferimentos nos dois lados do pescoço, no abdômen e na perna. Estava algemado e deitado no chão próximo a muito sangue e da sala em que estavam as vítimas”, relata o soldado.
“Pedia que cuidassem de sua arma”
Galiazzi lembra que o jovem tinha uma expressão assustada, mas não demonstrava arrependimento. Estava com as pupilas dilatadas e pedia que cuidassem de sua arma. “Ele apontava com a cabeça para a arma e dizia ‘cuidem dela, ela é minha amiga’. Também perguntava e, ao mesmo tempo, afirmava: ‘Matei cinco, né? Foram cinco! Parecia que ele tinha uma meta a cumprir’”, conta.
Segundo o soldado, o agressor pedia que o matassem e dizia que sabia que iria morrer. Na ambulância, a caminho do hospital de Pinhalzinho, o jovem conversava com os socorristas.
“Em momentos de lucidez ele falou que a intenção era invadir outra escola, uma na avenida da cidade, mas não conseguiu e por isso foi para a creche. Também contou que tentou comprar uma arma e que também não conseguiu”.
O jovem foi conduzido ao hospital de Pinhalzinho e depois transferido para o HRO (Hospital Regional do Oeste), em Chapecó, onde passou por cirurgia e segue em recuperação na UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
Depois de atender o agressor, Galiazzi e os colegas voltaram à Saudades e foram até a casa dos pais do jovem. “Eles estavam abalados e em estado de choque. Aferimos os sinais vitais e depois levamos uma psicóloga para prestar apoio”.
Relembre o caso
O ataque na escola infantil Pró-Infância Aquarela ocorreu na manhã da última terça-feira (4). O jovem chegou na creche de bicicleta e entrou pela porta da frente, por volta das 10h. A golpes de uma espada estilo ninja matou cinco pessoas.
As vítimas foram a professora Keli Adriane Aniecevski, 30 anos, a agente educadora Mirla Amanda Renner Costa, 20 anos, e os bebês Sarah Luiza Mahle Sehn, 1 ano e 7 meses, Anna Bela Fernandes de Barros, 1 ano e 8 meses, e Murilo Massing, 1 ano e 9 meses.
Outra criança, um menino de 1 ano e 8 meses, foi socorrido com vida. Ele passou por uma cirurgia na região do pulmão e deixou a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) na quarta-feira, em estado estável. O bebê segue em recuperação no Hospital da Criança, em Chapecó.
Nesta quinta-feira (6), a Justiça negou o pedido de exame de sanidade mental do rapaz, solicitado pela defesa. Ele foi autuado em flagrante por cinco homicídios e uma tentativa de homicídio triplamente qualificados. A Polícia Civil segue investigando o caso e ouvindo testemunhas para tentar compreender as motivações do crime.
Com informações ND Notícias