A MetSul adverte para uma ciclogênese explosiva que impactará o Sul e parte do Sudeste do Brasil entre esta terça e a quarta-feira. O episódio trará chuva intensa para parte da região, tempestades isoladas e muito vento.
O episódio também conhecido como “bomba meteorológica” ou “ciclone bomba” ocorre quando a pressão atmosférica no centro de um ciclone cai em média 1 hPa por hora em 24 horas, ou seja, no mínimo 24 hPa em 24h.
É exatamente o que se espera ocorrerá entre o Sul do Brasil e o Atlântico entre esta terça e a quarta-feira. Veja no mapa que o modelo alemão Icon, disponível ao assinante na seção de mapas, projeta 1.001 hPa no centro da baixa sobre o Sul do Paraguai na madrugada desta terça, mas 24h depois, na madrugada de quarta, a baixa pressão já como ciclone formado estará com 976 hPa sobre o Atlântico, uma queda de 25 hPa em 24h.
Esse tipo de fenômeno, ciclone bomba, é comum no inverno e sempre ocorre no Norte da Europa e no Nordeste dos Estados Unidos, onde recebe o nome de Nor’Easter. Aqui no Atlântico Sul é mais comum em latitudes mais ao Sul do que vai se formar agora, comumente a Sudeste do Rio da Prata, na costa da Argentina ou no cinturão de baixas da Antártida. São estes ciclones que “sugam” ar muito frio e trazem queda de temperatura. Por isso, esfriará muito na quarta-feira.
A MetSul Meteorologia alerta que esta ciclogênese explosiva trará chuva forte e volumosa para a faixa central do Rio Grande do Sul, inclusive Porto Alegre e região, e a Metade Norte gaúcha nesta terça. Será responsável ainda por temporais fortes a severos em Santa Catarina e no Paraná durante esta terça. O efeito maior, contudo, será um um episódio significativo de vento no Rio Grande do Sul e parte de Santa Catarina.
O centro de baixa pressão que migra de Noroeste para Sudeste e estará sobre o Rio Grande do Sul nesta terça se transformará em ciclone extratropical sobre o Atlântico. As rajadas serão muito fortes a intensas no Sul e no Leste gaúcho assim como no Leste catarinense durante a quarta, especialmente na madrugada, de manhã e no início da tarde.
Devem atingir de 80 km/h a 100 km/h, mas em pontos do Litoral Norte e dos Aparados podem ficar entre 100 km/h e 120 km/h. No Planalto Sul Catarinense, em alguns pontos de montanhas 120 km/h a 140 km/h. Para Porto Alegre, modelos projetam de 80 km/h a 100 km/h.
Como a topografia local geral forma “túneis de vento”, isoladamente podem ocorrer rajadas superiores nestas regiões.
Sob este cenário, a MetSul adverte pra transtornos como falta de luz que pode afetar um alto número de consumidores e danos como destelhamentos e colapso de estruturas. As áreas de maior risco são o Sul, o litoral de Sul a Norte, e principalmente o Norte, a região da Lagoa dos Patos e entorno, o Leste da Serra e os Aparados. Nas demais regiões gaúchas ocorrerão rajadas, mas menos intensas. O vento cede da tarde pra noite amanhã.
Os problemas de ventania, contudo, podem começar já nesta terça por corrente de jato em baixos níveis da atmosfera induzida pela formação do ciclone com vento do quadrante Norte forte a intenso no Médio e Alto Uruguai, Serra, Aparados e Litoral Norte, e ainda em Santa Catarina e no Paraná. Mesmo São Paulo pode ter vento forte nesta terça, especialmente no Litoral em locais junto à Serra do Mar.
Rajadas de 70 km/h a 90 km/h nestas regiões do Sul do Brasil, isoladamente superiores. Nas montanhas do Planalto Sul de Santa Catarina 130 km/h a 150 km/h.
E, mais, a frente fria organizada pelo ciclone ao avançar por Santa Catarina e o Paraná nesta terça formará uma linha de tempestades com alto risco de vento muito intenso localizado na forma de vendavais e talvez até atividade tornádica pela presença da corrente de jato interagindo com a frente a partir do Norte gaúcho e que atingirá Santa Catarina e o Paraná.
A pressão atmosférica muito baixa, que cairá abaixo de 1000 hPa, será um agravante para tempo severo.