Deixe-se molhar (+18)

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E quando o céu vai escurecendo no meio da tarde, vem correndo, tira suas botas, joga o guarda-chuva, adoro teu cabelo molhado, deixa que eu aqueço suas mãos rapidinho. O vento assovia uma canção molhada, e eu, imagino um roteiro, você e os vidros encharcados.

Meu olhar de fotógrafo cria as cenas em que a escassa e conveniente luz toca sua pele, vou clicando com os olhos, guardando pra mim. Que egoísta né? As nuvens pesadas fecham o céu, e eu me jogo na cama, por que chuva pede cama. __Nem tira essa roupa, deixa que eu tiro, só solta o cabelo. O som da água molhando a calçada, e dos pés roçando o lençol, pede sono, preguiça e sexo. O sexo antes.

Já vi você me dizendo que a gente faz sexo e não amor sempre, eu digo que se faz sexo com amor, mas é na força da palavra sexo que está todo o calor dessa coisa que a gente faz. E tateio tua pele, teus pedaços. E tudo molha a chuva lá fora. Poderiam ser chuvas calmas, mas são os temporais que me excitam. O vento insiste querer arrancar o telhado, estaríamos dispostos, se a chuva invade.

 E faz isso pela cidade, destelha, arranca, assusta, faz vítimas, e sem a mínima noção de qualquer desastre, nos entregamos na permeável segurança do nosso quarto. Vez ou outra um relâmpago egoísta invade o quarto escuro e te mostra um segundo, vejo aos poucos pequenos flashes do teu corpo dançando, entre cabelos, peitos, arrepios e sussurros; dentro de mim há espaço pra contar os segundos, e então “Cabumm”, um trovão ensurdecedor passeia pelo céu, vibrando a terra, a casa, a cama, a gente. A chuva lava a alma, purifica, escorre nossas intenções, tensões, pecados.

E nisso, de olhos fechados desenho uma cachoeira sobre a cama, e a água te envolve, inunda o quarto, dissolve meu controle. E se abro os olhos, tua boca, meus dedos, seus pelos, pele, braços, unhas, trovões, puxões de cabelo, gemidos. É o ápice de uma orquestra divina. Se o céu escurecer no meio da tarde, te espero na cama mais próxima.

Giovane Galvan

www.facebook.com/giovanegalvanreal

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